O que é o EICA
As recentes
catástrofes de origem climática no Brasil e em outras partes do mundo deixam
claro que a relação sociedade-natureza vem passando por um processo crítico,
que nos obriga a repensar o meio ambiente não apenas como meio natural, mas
também como o ambiente construído, frutos de complexas relações desenvolvidas ao
longo do tempo e dos espaços. Nesse contexto, o papel da informação, da
comunicação, da cultura e da mídia assume um lugar crucial, que ainda carece de
muita reflexão e ação. É nesse sentido que o 2° Encontro Interdisciplinar de
Comunicação Ambiental espera reunir professores, pesquisadores, profissionais e
estudantes interessados em debater e apontar caminhos para os dilemas
socioambientais contemporâneos.
Comunicação ambiental
A comunicação ambiental é um campo de estudos e práticas
que vem se consolidando nos últimos anos, a partir da percepção crescente de
que nossa compreensão sobre a natureza e nosso comportamento em relação ao meio
ambiente depende não apenas das ciências que buscam explicações, como também do
debate público, das representações na mídia e das mais diversas intervenções
discursivas envolvendo meios de comunicação.
Como campo de conhecimento, a comunicação ambiental
converge estudos multidisciplinares produzidos de forma esparsa desde a década
de 1970 e que vêm se ampliando nos últimos 20 anos. Como campo de práticas,
configura-se desde os anos 1990 a partir do jornalismo ambiental e da
comunicação alternativa dos movimentos, ONGs e redes ambientalistas e, mais
recentemente, das táticas do chamado “marketing verde”, das ações de
“responsabilidade socioambiental” de empresas e governos, e de uma crescente
produção em cinema e vídeo com foco no meio ambiente.
Esse aumento da demanda de
informação e comunicação sobre meio ambiente está diretamente relacionado às
mudanças nas percepções
sobre o mundo natural e às novas
relações sociedade-natureza que configuram o dilema ambiental contemporâneo.
Limites, escassez, degradação, esgotamento, riscos, mudanças climáticas, efeito
estufa, sustentabilidade, “economia verde”, “tecnologias limpas”, ecodesign,
ecocrítica, ecofeminismo são alguns termos que passaram a integrar o
vocabulário corrente das conversas, do debate público, das práticas e estudos.
Mas ainda há muitas perguntas sem respostas e outras tantas indagações a serem
feitas.
Sobre o 1º EICA
Com uma abordagem singular, o
EICA chega à sua segunda edição cumprindo a proposta de periodicidade bienal e
ampliando sua abrangência de nacional para internacional, com foco prioritário
na América Latina. O evento respalda-se
também nas pesquisas acumuladas pelos seus organizadores, nos últimos dois
anos, e pelo recém-criado Programa de Pós-Graduação em Comunicação da
Universidade Federal de Sergipe (UFS), que inclui em sua grade curricular a
disciplina “Comunicação Ambiental”, inédita nos mestrados da Região Nordeste.
O 1º Encontro, realizado em
abril de 2011, teve 110 inscritos de 15 cidades brasileiras, e surpreendeu os
organizadores e participantes, pela qualidade das apresentações, dos debates e
das pesquisas divulgadas nas comunicações orais. Foram quase 40 trabalhos
aprovados por um Conselho Científico de âmbito nacional e nove palestrantes de
outros estados, assistidos por um público médio de mais de 100 pessoas em cada
mesa temática, já que as atividades do Encontro foram franqueadas também a
ouvintes não-inscritos (mas que não tiveram direito a certificados).
Durante as mesas temáticas, foram apresentados resultados
de estudos altamente relevantes em temas que relacionam meio ambiente,
comunicação, educação e desenvolvimento local. O caráter nacional do evento,
por sua vez, foi garantido também pela configuração do Conselho Científico,
formado por dez professores doutores de diferentes áreas de conhecimento, dos
quais seis de outras universidades federais de quatro regiões do país (exceto a
Norte).
Destaque-se, ainda, a parceria do Laboratório
Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (LICA) com o Programa de
Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema-UFS), que não só
contribuiu para qualificar o Encontro como um evento de pesquisa, como
ratificou o seu caráter interdisciplinar.
O resultado dessa primeira experiência pode ser conferido
nos Anais do EICA (http://licaufs.blogspot.com/p/anais-eica-2011.html)
e na cobertura do evento realizada por alunos de jornalismo da UFS (http://contextoreportera.blogspot.com/).